Há alguns anos, foi publicado um
estudo que concluiu que as mulheres se sentiam frustradas sexualmente depois de
lerem revistas femininas. Tal devia-se ao facto de não terem tido as
experiências sexuais relatadas nas publicações. Hoje, uma boa parte das
revistas femininas e masculinas dedicam especial atenção a este tema. No
entanto, eis-nos questionar acerca da real importância da leitura destes
artigos. O que é que nos trazem de novo? O que contribuem para a nossa
felicidade? Baseiam-se no amor ou no prazer egóico?
Passámos do oito para o oitenta.
Há umas décadas era impensável falar-se de sexo abertamente. Hoje, há uma
libertinagem exacerbada acerca deste tema. Algumas pessoas acham que relatar as
suas experiências sexuais, participar em determinadas sessões de sexo ou levar
todo o tipo de conversas para este tema, é sinal de mentalidade aberta. Pois
são as pessoas que mais falam dele, as primeiras a sentirem-se frustradas
interiormente. Indivíduos perdidos no mundo, cuja vida parece não ter sentido
nem rumo, aparentemente realizados e livres de pudor, são os mais pobres dos
pobres, ao refugiarem-se no sexo para alcançarem algum nível de bem-estar.
De todos os livros que já li
sobre o tema, nenhum me pareceu tão credível como “A força sexual ou o
dragão alado” de Omraam Mikhaël Aïvanhov. Este celibatário dedicou toda a
sua vida à transmissão da sabedoria divina, abrindo os horizontes àqueles que o
ouviam, acerca de todo o tipo de temas, incluindo o sexo.
A energia sexual no homem/mulher é mais uma
manifestação de Deus no corpo humano. Tal como a energia elétrica toma várias
formas consoante o canal por onde passa (no fogão é calor, no frigorífico é
frio, na ventoinha é movimento), também a energia divina manifesta-se no corpo
físico de diferentes maneiras: no cérebro é inteligência, nos músculos é força
e movimento, na boca é som e nos órgãos sexuais é energia sexual. E algo tão
simples parece tão imperfeito aos olhos daqueles que acham que esta parte do
corpo é uma tentação diabólica! Se o sexo não fosse divino, porque existiria? O
problema está na falta de educação para esta questão. Ensinam-nos a lavar os
dentes e a tomar banho, ensinam-nos a fazer escolhas saudáveis na nossa
alimentação, ensinam-nos que o corpo físico tem de ser exercitado para que as
células não se degenerem, e ninguém nos ensina a correta forma de utilizarmos a
força sexual para uma vida saudável. O tabú em relação a esta questão faz com
que a humanidade seja ignorante e viva na depravação generalizada.
Ao contrário do que se pensa,
muitos “santos” e “santas” também tiveram inquietações a nível sexual. Isto é
uma questão que atravessa qualquer ser humano porque é algo presente em todos.
Que ninguém ache que os designados “santos” são puritanos ao ponto de não terem
em si essa energia. Nada está mais longe da verdade. A única coisa que eles
fizeram foi aprender a viver com ela. Tendo eles como ideal a realização
espiritual e o autoaperfeiçoamento, apenas canalizaram esta energia para outros
centros energéticos dentro do corpo. Cada vez que a sentiam, abençoavam-na,
davam graças por ela se manifestar neles e com trabalho e amor, direcionavam-na
para o coração e o cérebro, elevando-se. E assim conseguiram viver
saudavelmente com a força sexual.
A união entre um homem e uma
mulher é algo muito divino. É mais uma forma que Deus colocou à disposição da
humanidade para chegar até Ele. Posições, frequências e duração à parte, o
importante nas relações sexuais é apenas isto: o amor. Muito se escreve e fala
sobre esta temática quando a única coisa que é mesmo necessária é amor.
Compreendendo e aceitando isto, tudo o resto se torna desnecessário. Enquanto o
Homem não aprender e viver na dimensão do amor, pouco vai conseguir. Quando se
diz que Deus até no sexo está presente, não é mais do que dizer: faz amor com
o/a teu/tua companheiro/a e Deus ali está.
O Kamasutra
Conta-se que um grande sábio da
nobreza indiana se apaixonou por uma ferreira, que pertencia a uma das castas
mais baixas da sociedade. O amor entre os dois era tão grande que ele não
tardou em prescindir dos seus privilégios de nobre para viver com a sua amada.
Encontrou nas diferentes posições sexuais uma forma de ter prazer sensorial,
não descuidando as virtudes divinas. Através do amor gerado (dar e receber) atingiu
a iluminação.
O Tantra
A filosofia do Tantra é
simples: um homem e uma mulher dormem no mesmo quarto, quatro meses, sem se
poderem tocar. Decorrido este tempo, deitam-se na mesma cama. A mulher dorme,
quatro meses, no lado direito, e outros quatro meses, no lado esquerdo. Assim,
passam um ano sem se tocarem, apenas aprendendo a amarem-se, divinizando-se. A
mulher olha para o homem e começa a ver Deus nele, amando-o incondicionalmente.
O homem ama a Mãe Divina na mulher que tem ao seu lado. Só depois de aprenderem
a amar-se incondicionalmente e num plano divino, então podem iniciar a sua vida
sexual. Claro que já ninguém pede tal desafio J Esta história apenas serve para resumir o tantra, tão adulterado nos dias de hoje.
A essência do livro e da técnica
foi-se perdendo no tempo. O amor é a base, o princípio e o fim de tudo.
A noção de amor está tão distorcida
que as pessoas confundem prazeres, sensações e obsessões com este sentimento
tão nobre e elevado. Muitos dizem que amam o/a seu/sua parceiro/a, quando na
verdade apenas alimentam uma relação baseada nas inseguranças, dúvidas e medos
internos. Para se descobrir se a relação que vivemos é de facto baseada no amor
verdadeiro, o Mestre Aïvanhov pediu a seguinte reflexão, a quem o ouvia: se o objetivo da união entre um homem e uma
mulher é uma relação construtiva para ambos, a mesma deve produzir os seus
frutos. Portanto, analisa a tua relação e vê o que cresceste com ela, o que é
que ela te trouxe e como te sentes neste momento.
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