A vida é pintada em tons de
magia! Se estivermos atentos, os nossos dias são um emaranhado de cores, com o
propósito de vermos o colorido da nossa existência.
Ontem, ao conversar com uma amiga
as suas palavras despertaram em mim um significado transcendental do dar por
dar, sem qualquer interesse, dar porque faz parte da nossa natureza e é uma
extensão de nós. Tais palavras soaram em mim mais de vinte e quatro horas! Dei por
mim, em vários momentos do dia, a refletir na cadeia de interesses e controlos
que há por trás dos pequenos favores e das ajudas (sejam elas quais forem),
ainda que não de forma evidente.
Eis que o meu livro de cabeceira
destes dias quis que, ao abri-lo ao acaso, sem qualquer propósito de encontrar
fosse que resposta fosse, este texto viesse até mim e conseguisse transmitir
nuns quantos parágrafos todas as reflexões deste dia que agora finda. Partilho com
vocês a lição inerente a esta união de palavras:
“Numa sociedade como a nossa, em que pensamos sempre ajudar os pobres
apenas dando sem lhes lembrar que precisam de retribuir, acabamos por criar o
desrespeito pelo que se dá, a irresponsabilidade pela própria vida, alimentando
a dependência e a falta de amor-próprio. (…)
Pela nossa experiência de trabalho, sempre que demos sem pedir nada em
troca verificámos que quem recebeu acabou por não valorizar aquilo que lhe foi
oferecido. É vital que as pessoas que recebem Reiki dêem algo de si em troca,
façam um esforço, demonstrem o seu apreço pelo que estão a receber. No entanto,
isto pressupõe muito bom senso e adaptar a cada caso aquilo que se poderá
pedir. Certamente haverá situações em que faz parte das nossas obrigações de
seres humanos cuidar de quem precisa; é o que acontece com as pessoas
desvalidas em hospitais, com as crianças, com os doentes acamados, etc. Exceptuando
estes e outros casos de evidente necessidade total, é aconselhável pedirmos a
reciprocidade do nosso gesto. Para bem da outra pessoa e nosso, pois muitas
vezes quem dá também o faz para engrandecer o seu ego, coloca-se numa posição
superior e alivia a consciência não aceitando nada em troca, tornando os outros
dependentes dos seus favores. Quantas vezes dar não é uma forma de nos
sentirmos amados pelos outros, por não encontrarmos em nós o amor da fonte!
Acontece frequentemente virem ter connosco muitas pessoas que querem
aprender Reiki alegando que sempre gostaram muito de dar, que sentem uma ânsia
muito grande de tratar os outros e que só assim se sentem bem e a vida para
elas faz sentido. Normalmente procuramos saber se a esta atitude também
corresponde a de saber aceitar e se pedir quando é preciso faz parte dos seus
hábitos. A nossa atitude provoca reacções de grande interrogação, pois sempre
se consideraram boas pessoas e com muito mérito por serem amigas de dar,
colocando-se a si mesmas em segundo ou último lugar. Esta postura pode também
significar orgulho ou falta de amor por si mesmo. É preciso estar atento.”
RODRIGUEZ, Cristina e
GUERRA, Artur
In “REIKI – A ARTE DE CONVIDAR A FELICIDADE” (pp. 128-130)
Sem comentários:
Enviar um comentário