sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

GERAÇÃO "ENCALHADA" E JOVENS DA NOVA ERA

Confesso que fiquei um bocadinho triste ao ler o artigo em que Alexandre Duarte chama, aos jovens da minha idade, geração “encalhada”: http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/10764/gerac-o-quotencalhadaquot. Não me revejo nas suas palavras mas tenho plena noção que a descrição que faz dos jovens dos vintes anos é infelizmente a generalidade. E não só dos vintes mas também dos adolescentes e, nalguns casos, dos trintas.

Sempre gostei de estudar, mais pelo gosto de aprender e conhecer o mundo do que associar o estudo a um futuro melhor. E o certo é que, mesmo depois de ter deixado o ensino oficial há seis anos, continuo ávida de conhecimento. Frequento cursos e workshops, leio livros e sim, utilizo, e muito, as redes sociais, nomeadamente o Facebook. Sigo páginas dos mais diversos temas e, sempre que vou facebookar acabo por aprender alguma coisa. Publico pouco da minha vida mas gosto de ler os comentários dos amigos e ver as fotos que colocam, mas tudo q.b.. É me inconcebível pensar viver para os mexericos, os gostos e as fotos! E mais inacreditável é pensar que os jovens preferem gastar o tempo neste hobbie do que investirem-no nos estudos e nas aprendizagens seja do que for que lhes seja útil para a vida.

Penso que cabe aos pais, e a todos aqueles que têm contacto com os jovens, aliciá-los ao estudo, ao gosto de descobrir os mistérios da vida, de compreender a mensagem por trás das palavras, de partir à descoberta de novas técnicas científicas ou digitais ou tecnológicas ou outra coisa qualquer que possam melhorar o nosso dia-a-dia. Não sou mãe mas o contacto diário com uma menina de treze anos ensina-me a perceber o que vai naquelas cabecitas. “Não gosto de História.”, “É tão giro descobrirmos como é que chegámos até aqui!”. “Tenho muita coisa para decorar a Geografia.”, “Vamos lá ao Google pesquisar exemplos do que estás a estudar.”. “A professora de Matemática não ensina nada de jeito.”, “Então, falem com ela e digam-lhe que a metodologia que está a utilizar não é a mais adequada e dêem-lhe sugestões de como ensinar melhor a matéria.” Quando algo não corre como esperado, evito solidarizar-me com a vitimização e questiono-a do motivo do aparente fracasso e juntas tentamos encontrar uma solução para futuros cenários semelhantes. Não sou mãe, ainda não li livros de educação de crianças e de jovens, mas tento incutir-lhe o gosto que tenho pelo saber.

Não é fácil ser-se jovem nos dias de hoje. Era tão mais fácil ter-se vintes há vinte ou trinta anos atrás, quando o futuro convidava a estudar e a trabalhar recompensando os estudiosos e os trabalhadores! Hoje, o amanhã é uma incógnita e a sociedade e a conjuntura atual dizimam os sonhos de um futuro risonho. Parece um contra-senso a descrição da geração “encalhada” com o que se diz sobre as crianças e os jovens da Nova Era. Escrevem-se livros, fazem-se seminários, fala-se até à exaustão das crianças índigo e crianças cristal que vêm para revolucionar o mundo com a sua nova energia… Mas onde estão essas mudanças? Fico sempre chocada quando pais e avós desculpabilizam filhos e netos alegando que são da Nova Era. “Chamou estúpida à professora porque ele veio para revolucionar o sistema”, “não pára quieta um minuto porque tem muita energia cristal”, “não se interessam pela escola porque não responde às necessidades que os miúdos têm”… !!! E de desculpa em desculpa vão perdoando todos os feitos dos pequenos, culpando o governo, a crise e o mundo por não lhes dar as oportunidades que eles precisam para se tornarem responsáveis. Estudos nunca fizeram mal a ninguém. Não cabe exclusivamente aos professores motivar os mais novos para a disciplina ou para a matéria. Os pais e todos aqueles que fazem parte do dia-a-dia das crianças e dos jovens têm o dever de estimular o gosto pelas aprendizagens e devem-lhes dar as bases para que se formem enquanto cidadãos íntegros e prestáveis à sociedade.

Os jovens deste início do século XXI têm agora mais acesso a informação do que qualquer outra geração teve. E sim, estes jovens vieram com outra energia, mas de pouco serve terem o potencial se não o passarem a efetivo. Eles são imaturos em relação à vida e precisam de alguém (de preferência mais do que uma pessoa) que os encaminhe de forma a utilizarem todos os recursos disponíveis para bem deles e depois para bem dos outros.


Eu acredito que é possível fazermos melhor. Eu acredito no potencial dos jovens. Eu acredito no futuro. 

Sem comentários:

Enviar um comentário