segunda-feira, 20 de junho de 2011

A IDADE É SINÓNIMO DE SABEDORIA?

Para aqueles que ao lerem este blogue e, ao conhecerem-me pessoalmente, questionarem-se pelo que escrevo com a idade que tenho, respondo-lhes tal como Eliú respondeu a Job (Jb 32, 7-10):

“`A idade é que fala; e os muitos anos dão a conhecer a sabedoria!´ Mas é o espírito de Deus no homem, o espírito do Todo-Poderoso, quem dá o entendimento. Não são os velhos os mais sábios, nem sempre os anciãos discernem o que é justo. Por isso, atrevo-me a dizer: `Escutai-me! Também eu mostrarei o meu saber!´”.

É verdade que ainda sou jovem. Tenho a vida toda pela frente e muita coisa tenho para aprender. No entanto, congratulo-me pela consciência e sabedoria que tenho com esta idade. Isso permite-me desfrutar da vida de outra forma. Não tenho necessariamente que passar pelas mesmas experiências que os demais sentem necessidade em ter. As minhas experiências são outras.

Que credibilidade tenho para falar da Vida, do Amor, de Deus? E que autoridade têm aquelas pessoas que com muitos anos de vida falam em ódio, rancor, vingança, crise, falsidade, que a vida é madrasta, que Deus é injusto, não as ouve, que o mundo está perdido? A boca fala do que há no coração. As experiências servem para crescermos, aprendermos, evoluirmos, tornarmo-nos mais conscientes, doces, amáveis, respeitáveis, experientes. E no entanto, o que ouvimos dizer as pessoas? “A vida tornou-me uma besta”, “com o tempo embruteci”, “quando eu era nova é que era; agora, já nada presta”, “estou velho para isso”, “já não dou uma para a caixa”. O que pensar do viver dessas pessoas? O que andaram cá a fazer? Não deve haver maior infelicidade do que morrer sem ter compreendido a vida. Quantos não andam cá por ver andar os outros? Vivem por viver. Não saboreiam a vida. Não retiram o mel da experiência mais amarga. É preferível denegrirem-se a elas e aos demais, caloniando Deus e maldizendo a sorte. Essas pessoas não sabem o que é a Vida. Podem saber muito de uma determinada profissão, podem conhecer todos os usos e costumes de uma determinada zona, podem ser exímios a cozinhar, podem saber muito de coisas comuns. Não retiro o mérito aos mais velhos. Nada disso. Respeito-os. Cada pessoa é uma história de vida. Todos têm algo para ensinar. Enquanto jovem delicio-me com as histórias que contam todos os que têm mais idade, pois possibilita-me aprender coisas que de outra forma seria difícil. A minha reflexão é outra: será a idade sinónimo de Sabedoria?

Nas antigas civilizações, os mais velhos eram chamados “livros vivos” e todos temos no nosso imaginário os druidas velhinhos de barbas longas e brancas a quem todos iam pedir conselhos. Esses sim, eram sábios. Sabiam muito da Vida, através da experiência adquirida a contemplar a natureza, os homens e as suas relações e a estudar livros sagrados durante anos.

Hoje, a maioria dos séniores são pessoas que têm em comum uma vida comum: crescer, casar, ter filhos, trabalhar e uma ou outra experiência mais significativa. Mas de que falam? Doença, morte, intriguices, futebol, telenovelas, coisas fúteis.

Aprendamos com cada ser humano que connosco se cruza, observemos a natureza, leiamos livros de índole filosófica-espiritual, ponhamos em prática os ensinamentos adquiridos, vivamos em atenção, meditemos, aprendamos a amar todo o ser e teremos a Sabedoria.

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