Na televisão passam imagens de um congresso geral de um dos maiores partidos políticos nacionais. Tive a oportunidade de assistir em direto à ida do secretário-geral aos bastidores da comunicação social. Disse que estava interessado em ver como é que os jornalistas trabalhavam e, numa simpatia pouco convincente, perguntou a uma pivot como é que se concentravam com tanto barulho e afirmou que realmente eles eram extraordinários. A sua postura, as suas palavras soavam a falso. Via-se que já estava tudo preparado e o seu objetivo era apenas ficar bem na fotografia. Lembro-me que este senhor que agora está à frente de um grande partido, há uns anos atrás, candidatou-se à assembleia municipal de um pequeno concelho do interior de Portugal. Na altura, todos se questionavam o porquê de tal candidatura já que ele nem sequer lá pertencia. Para espanto dele, o seu partido acabou derrotado e à pergunta de um jornalista da razão da candidatura, respondeu que o candidato à câmara municipal pelo mesmo partido, tinha-lhe dito que aquilo eram “favas contadas”. “Favas contadas” foi a expressão que utilizou e que demonstra bem o interesse que tinha em servir a população local. Dá ou não dá tristeza saber deste triste episódio? E agora este senhor representa os portugueses na assembleia da república…
É por estas e por outras que cada vez mais a classe política está descredibilizada. Poucos se interessam pela política e, apesar de o negarem, é isto que os políticos querem. O que é mais fácil: governar um país em que as pessoas participam civicamente nas grandes decisões comuns ou um país em que meia dúzia decidem, podem e mandam? Claro que nenhum político vai dar o braço a torcer e dizer que este é o objetivo mas efetivamente é isso que querem e estão a conseguir. As pessoas estão cansadas e já não acreditam em nenhum político e em nenhum partido. Pessoalmente, também não me revejo em nenhum partido nem em nenhum político. Ainda está para chegar o dia em que apareça um partido com real interesse no bem comum. Todos os partidos podem ter a mesma essência inicial mas esta foi-se perdendo e hoje muito poucos querem realmente servir o povo. E aqueles que têm realmente boas intenções, ao chegar ao poder (quando chegam) são logo afastados ou por iniciativa própria ou por um qualquer escândalo criado.
Indo à génese da palavra, a maioria dos significados diz que “política” é a arte de administrar um território. No entanto, se formos mesmo à génese da génese da palavra, “política” vem de “poliética, o que quer dizer “ética de um povo”, logo está intimamente relacionada com a educação a muitos níveis mas sobretudo a nível moral. Nas mãos dos políticos está a educação de um povo e eles, sendo “professores” deviam dar o exemplo. Mas não o dão. No entanto, os políticos são o reflexo do povo. O povo só tem os políticos que querem. E agora vêm as argumentações: “ai mas eu não quero um político corrupto, ai eles são todos uma cambada de mentirosos, ai eles só querem é tacho; jamais eu escolheria um político assim”. Pessoas ignorantes escolhem líderes ignorantes. Sim, esta verdade pode ser forte e dura mas é uma verdade. Enquanto a maioria das pessoas não despertar e tomar o controlo da sua vida, também não podem exigir controlo, a nível moral, dos seus representantes. O certo é que se, a maioria das pessoas que critica os maus usos e costumes da classe política, chegasse ao poder fazia exatamente a mesma coisa que eles agora fazem. Alguém que diz mal do seu vizinho, que se desresponsabiliza dos seus atos e palavras, que leva material do trabalho para casa, que vive numa de “deixa andar”, ao chegar ao poder, iria continuar com os mesmos hábitos, se calhar até com maior dimensão. Por isso, primeiro há que despertar, tomarmos consciência de quem somos e o que estamos aqui fazer. Depois há um grande trabalho interior a fazer com vista a um aperfeiçoamento contínuo – Ser Mais e Melhor – e só depois, então, estamos prontos a ajudar o próximo e a contribuir para o bem comum.
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