terça-feira, 3 de janeiro de 2012

VIVER, AMAR E SER FELIZ - I

A última semana do ano e a primeira são semanas de reflexões para a maioria das pessoas. A passagem de ano é meramente psicológica. Se sairmos do planeta Terra e o observarmos, assim como o cosmos infinito, não há diferença nenhuma entre o momento atual e o de há uma semana atrás. O tempo apenas existe na Terra. Faz parte do jogo ;) No entanto, pessoalmente, gosto que existam datas como o Natal e a passagem de ano pois, nestas alturas, muitas pessoas dão-se a oportunidade para refletirem no amor, no conceito de dar, nas relações interpessoais que nos ligam a todos aqueles que fazem parte da nossa vida. Decorrido o Natal, é tempo de fazer o balanço do ano que finda e fazer votos para o ano que se avizinha. Só nesta altura é que algumas pessoas param para refletir na vida que estão a ter e, contentes ou nem por isso, lá vão pensando nos objetivos que têm e que querem cumprir. Eu gosto desta altura. No entanto, ótimo seria que o ser humano despertasse e que o espírito de Natal (o verdadeiro, claro) fizesse parte do seu dia-a-dia, assim como as reflexões sobre a vida e o planeamento de objetivos fossem mais comuns ao longo dos 12 meses do ano. Não precisamos de datas para tal. Basta que queiramos.

Dou agora início a uma série de três artigos com o meu lema de vida: VIVER, AMAR E SER FELIZ. Faço-o porque gostaria que quem os lesse os interiorizasse e mudasse a sua conduta, caso o entenda pois, o que mais observamos é que agora no início do ano toda a gente está eufórica e cheia de vontade de mudar, daqui a um mês já esqueceram todos os desejos formulados na passagem de ano. Daqui a um mês ou dois vem o Carnaval e dão-se tempo para diversões. Logo a seguir, vêm as tão desejadas férias da Páscoa com a ida à terra natal para fazer as mesmas coisas de sempre. Começa a primavera e os pensamentos típicos da altura: fazer dieta, fazer mais exercício físico, beber mais água. Em junho uns feriados para gozar que antecipam as idas à praia no verão, antes do único mês em que milhares de pessoas “gozam a vida”. Em setembro o regresso ao trabalho e à escola é o retomar da rotina e pouco depois estamos outra vez a celebrar o Natal com a família, a fazermos o balanço deste ano e a formular votos para um ano que se avizinha pouco diferente ao que termina. Pergunta: onde é que eu já vi este filme?

É para refletir na vida que cada um tem que atrevo-me agora a falar em algo tão simples mas que a maioria das pessoa não sabe fazer:

VIVER

“Não custa viver. O que custa é saber viver.”

Esta frase está nas bocas de toda a gente e ainda assim as pessoas não sabem o que é viver. Para muitos viver resume-se a acordar de manhã, tomar o pequeno-almoço, ir para o trabalho ou para a escola, sair do trabalho, ir às compras, ao ginásio ou a outra coisa qualquer, chegar a casa, jantar, notícias, novela, xixi, cama. Ao fim-de-semana dão-se a oportunidade de viver alguma coisa para logo na segunda-feira voltarem a cair na mesma rotina tediosa. E assim passam um ano, dois anos, três, dez, vinte, uma vida inteira. É o típico “vira o disco e toca o mesmo”. Ou se quebra este vício de gerações ou daqui a vinte anos os nossos filhos estarão a fazer o mesmo que nós fazemos hoje e que os nossos pais fizeram há outros vinte atrás. É importante que se pare para pensar: o que é viver? Porque estamos aqui? Porque é que temos as pessoas que temos na nossa vida? Porque é que fazemos o que fazemos? Nada é por acaso. Tudo tem uma razão. Tudo, absolutamente tudo, aquilo que vivemos tem sentido. Temos as experiências que temos, sejam boas ou menos boas, para crescermos e evoluirmos. Cada um só passa pelo que tem que passar. Se encararmos a vida como um jogo, uma aventura muito agradável, vamos querer experimentar tudo, conhecer tudo, relacionarmo-nos com todo o tipo de pessoas, pois só assim é que crescemos. Para tal é preciso ousar ser diferente, fazer coisas diferentes. Não há uma fórmula secreta para viver. Aquilo que eu gosto, aquilo que eu quero viver não é o mesmo que tu que estás a ler. São as experiências que escolhemos viver que nos vão tornar mais fortes, sábios e de mente mais aberta. E como fazer isso? Olha para ti, para os teus medos. Há quanto tempo tens os medos que tens? Se tens os mesmos medos de há 10 anos atrás diz a ti próprio, qual a evolução que tiveste? O medo pode ser o nosso maior professor se o compreendermos e o soubermos integrar na nossa vida. Dá espaço ao medo. Todos nós temos medo. O que diferencia os fortes dos fracos é que os fortes mesmo tendo medo, tentam. Saca de ti todos os teus medos e reflete em como os podes ultrapassar. Vá lá. Só custa dar o primeiro passo. Depois de passado o primeiro impacto, essa vivência que achavas que não conseguirias viver, já faz parte de ti, é tua, está no teu baú de vitórias. Olha para a tua vida. Pensa em meia dúzia de experiências que tiveste e que na altura não gostaste. Antes de as viveres ou quando as estavas a viver pareciam-te um bicho papão. Mas agora, olha para ti. Depois de ultrapassadas já não te custam nada. Fazem parte do passado e ajudaram-te a moldar o carácter que tens hoje. Se encarares a vida dessa forma, vais ver tudo com mais cor. Os teus dias monótonos sempre a fazer a mesma coisa tendem a acabar porque vais ter sempre coisas novas para fazer, coisas para te superares. Isto faz parte da magia da vida.

Olha à tua volta e repara em quantos mortos-vivos se cruzam contigo continuamente. Há pessoas que deixaram de acreditar, deixaram de viver, conformaram-se com o pouco que conseguiram e ali se mantêm nesse círculo vicioso depressivo. A energia está sempre a fluir, nunca está estagnada. Se nós somos energia, se é isso que nos movimenta, porquê ficar uma vida inteira no mesmo sítio, a fazer a mesma coisa? As pessoas começam a morrer a partir do momento em que deixam de querer aprender. Quando me refiro a aprender não estou a falar em frequentar uma escola, refiro-me a aprender a viver. E isso é algo contínuo. Estamos sempre a morrer e a renascer. Acaba-se uma fase da vida, começa outra. Morre um medo, nasce uma virtude. Um hábito nocivo morre e dá lugar a um hábito saudável. Uma pessoa sai da nossa vida para logo a seguir entrar outra. Tudo está em movimento. A velhice é psicológica. A juventude de espírito está numa mente gente e iluminada ;)

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