Perdoem-me mas hoje quero falar
de seitas, pois devorei o livro “Os novos movimentos religiosos”, de José Luis
Vásquez Borau, enquanto o diabo esfrega um olho :) Este doutorado em Filosofia e licenciado em Teologia
Moral, apresenta de uma forma simples e direta os novos movimentos religiosos
(NMR) ou seitas.
Segundo o autor, vivemos tempos
de “ressurgimento das religiões, mas de uma forma algo caótica: mistura-se todo
o tipo de espiritualismos, meditações orientais, psicoterapias e dietas de
emagrecimento, moldando-se uma espécie de conglomerado confuso que é importante
clarificar”. Cada vez há mais escolas filosóficas e espirituais que, pregando o
que denominam de sabedoria divina, trabalham apenas um determinado aspeto da
espiritualidade ou, pelo contrário, são uma súmula de várias correntes
ideológicas.
O termo “seita”, ao contrário do
que se pensa, não é bom nem é mau. São Paulo foi líder da «seita dos
Nazarenos». Uma seita é um grupo de pessoas que se separa de um grupo maior
para viver a sua própria ideologia. “O problema surge quando, no interior desse
grupo (…) «existe destruição e manipulação das pessoas, das famílias e dos
governos»”. (C. Vidal).
Tudo começa com um convite para
uma aula ou meditação, quase sempre gratuita. O “anfitrião” apresenta-se como a
“autoridade benevolente”, explicando a ideologia e as crenças do grupo, de uma
forma parcial e superficial. Aqui chegado, o adepto é confrontado com técnicas
de superação pessoal, de forma a trabalhar a sua auto-estima, e é incentivado a
deixar morrer a sua personalidade antiga. Por norma, as pessoas com muitos
problemas ou com uma ânsia muito grande de encontrar um rumo espiritual para a
sua vida, são as mais fáceis de ludibriar. Passada esta fase, o adepto, ao ver
a sua postura perante a vida a melhorar, identifica-se com o grupo e sente
vontade em participar mais ativamente nas atividades deste. Por vezes, pode
dar-se um ritual de iniciação em que é dado ao pretendente um nome espiritual
para que haja um corte psicológico com a vida passada.
Ao dedicar a sua vida a este
projeto ideológico, deixa de haver individualidade para passar a haver um pensamento
e sentimento de grupo e é este que vai passar a atuar na vida do indivíduo. A
“pressão do grupo” caracteriza-se por vários aspetos, nomeadamente a
intromissão na vida pessoal de cada um, com a desculpa da preocupação ou
sentimento de fraternidade. Perante um problema, pode pedir-se a vários
elementos do grupo para darem o seu testemunho para que sirva de exemplo.
Repetindo sistematicamente que a felicidade e a sabedoria só se encontram
naquele grupo, não havendo mais sítio nenhum onde possam alcançar o nível de
realização a que ali podem chegar, insiste-se na leitura de apenas um número
reduzido de livros sagrados. Estes só podem ser interpretados consoante as
crenças estipuladas nessa escola, não havendo lugar à verdadeira liberdade de
expressão individual. Com as várias atividades realizadas, pretende-se que haja
um afastamento da família, dos amigos, da vida social e, por vezes, até do
trabalho, alegando que estes são um obstáculo ao crescimento espiritual e que
são forças das trevas.
Borau fala em “lavagem ao
cérebro” para explicar como, muitas vezes, as pessoas, sem se aperceberem,
adotam determinados comportamentos que refletem a mentalidade do grupo. A
figura do líder representa a autoridade máxima, o exemplo a aspirar, levando à
devoção, ao temor e à reverência dos seus seguidores. Intitulados de mestres,
gurus ou xamãs, são as cabeças do projeto, que denominam de sagrado ou divino,
e cabe-lhes a eles o rumo que aquelas pessoas tomarão. Ao dar-se-lhe toda a
autoridade, tudo o que este disser é considerado uma verdade absoluta, que
ninguém pode negar ou questionar. Há até grupos, onde se fazem sessões
individuais de aconselhamento espiritual, para que os superiores saibam a vida
e as inquietações dos adeptos. A “lavagem ao cérebro” dá-se de muitas formas,
sendo que uma delas é a pregação do “não pensar”, ou seja, enquanto o líder
fala, ninguém pode refletir no que este diz, aceitando assim tudo o que é dito.
Desta forma, manipula-se a mente dos indivíduos, para que estes se comportem à
medida dos interesses das cabeças do projeto. Não raras as vezes, há
modificações no conceito de sexualidade, fazendo crer que o adultério não
existe, e que, práticas sexuais como a poligamia, podem ser praticadas sem
qualquer tabú. É do conhecimento geral que, ao longo da história, reis, gurus,
mestres espirituais, aproveitaram-se da sua autoridade para conseguirem favores
sexuais. Para a programação mental ser mais fácil, a alimentação praticada é
pobre em proteínas e rica em hidratos de carbono e organizam-se atividades para
levarem ao cansaço do grupo que, desta forma, deixa de ter defesas mentais.
Depois de bem imbuídas as ideias que servem os interesses dos responsáveis,
fazem-se pedidos constantes de dinheiro, chegando ao ponto de haver exploração
laboral, alegando a necessidade de recursos financeiros para a concretização dos
projetos do grupo. Depois de, numa fase inicial, se ter trabalhado a auto-estima
do indivíduo, na fase da “lavagem do cérebro” dá-se o inverso, fazendo-se
chantagem emocional e recorrendo-se, por vezes, a torturas, humilhações e
enganos.
Raras são as vezes em que o
adepto desperta do que lhe está a acontecer e sai por livre vontade. Muitas
vezes são as famílias e os amigos que, vendo a degeneração a que o indivíduo
está sujeito, o obrigam a sair, contra a sua vontade. Mas não é aqui que acaba
a história, pois, para além de haver um corte com as pessoas do grupo, que são
aconselhadas a não manterem contacto com o ex-colega porque este é uma má
influência, pode haver utilização de magia negra contra a pessoa que saiu.
Não é meu objetivo assustar
ninguém com este artigo. Apenas gostaria que, quem o lesse, ficasse alerta para
quando se deparar com situações semelhantes. Não vou dizer mal de nenhum grupo
porque há de tudo e em todo o lado. Há ótimas pessoas em projetos medíocres e
há seres espiritualmente pouco evoluídos em grandes escolas de luz. A máxima a
adotar? «Pelos frutos, os conhecereis.»
Não há na Terra uma única escola
que leve à libertação espiritual, pois todas as escolas são humanas. Há escolas
com muito conhecimento e muita sabedoria e é a essas que devemos recorrer
quando necessitamos. No entanto, estas apenas nos dão as bases, a teoria. Depois,
cabe-nos a nós passar isso para a vida prática.
Já descobri por mim mesma que o
único mestre que precisamos é o nosso mestre interior. Ele sabe o que é melhor
para nós e qual o caminho a seguir. Não há um só caminho. Há muitos. Cada um
tem o seu para trilhar. Cada um tem que viver as experiências que tem que viver
para aprender e evoluir.
Boa caminhada!
Um video que aconselho a todos:
ResponderEliminarPrabhu Milan - Meeting God
http://www.youtube.com/watch?v=5mpyLs3SnZ8
Brahma Kumaris de Portugal
(Instituição de solidariedade social sem fim lucrativos)
http://www.bkwsu.org/portugal/index_html?set_language=pt-pt
Obrigada por partilhar estes links.
ResponderEliminarNa verdade, a mensagem que consta no vídeo é aquela que pretendo transmitir através do artigo "ONDE ESTÁ DEUS?". Há um filme muito bom, que também aconselho, e que também aborda este tema: "STIGMATA".
"Rachai um pedaço de madeira e lá estarei. Levantai uma pedra e lá me encontrareis."
Namasté :)