Caros Amigos leitores, a vida é
uma bênção! Deus fala connosco de uma forma humanamente impossível de
descrever.
Este blogue é algo muito pessoal;
divagações, ideias, pensamentos, partilha de leituras; é a forma que encontrei
de deixar a minha opinião numa sociedade, onde, por vezes, tenho dificuldade em
encaixar-me. A escrita é a melhor forma de expressar o que vai cá dentro
(tantas vezes confusão e caos total!).
Há momentos (vamos chamar-lhes “recolhimento”,
pois “crise existencial” não me parece ser a expressão certa) em que me sinto
vazia de ideias. Que digo? O que partilho? Porque direi isto? Será que é
realmente importante partilhar isto? O que pensarão disto? Confesso que tento
ter algum cuidado com o que escrevo, para não dar motivos para más
interpretações. Estará isso certo? Admiro a ousadia de quem põe o dedo na
ferida, pois essa não é a “minha onda”. Certa ou errada, acredito mais que são
os bons exemplos, as palavras positivas, a energia vibrante do amor, o maior de
todos os poderes para se mudar seja o que for. Mas há momentos em que não tenho
nada para dizer, viro-me para dentro, leio e releio frases, textos, livros que
me preenchem a alma, enquanto pequenas sementinhas de palavras são deixadas no
meu Ser. Essas sementinhas vão crescendo com o tempo, trazendo mais lucidez e
clareza de ideias às linhas orientadoras pelas quais rejo a minha vida. Mas quando
estou dias, semanas e até meses sem escrever, apenas lendo e refletindo, há
alturas em que nasce um conflito interior: porque não escrevo? Se gosto desta
ideia porque não a partilho? E logo o lado obscuro questiona: quem se pode
interessar por isso? O que podes acrescentar à vida de outro Ser com essa ideia?
E, nesta contradição de energias, tudo estagna e, assim passa mais um tempo até
que me sinto inspirada a voltar a escrever.
Há pequenos momentos do dia em
que não me apetece pensar. Um gato sobe o muro e observo-o longos minutos. Ele faz
a sua vida, espreguiça-se ao sol, afia as unhas no tronco da árvore, caça
moscas e eu deleito-me com aqueles movimentos graciosos de quem simplesmente vive.
Finalmente, ele dá pela minha presença, olha-me com os seus grandes olhos
durante alguns segundos, inamovível, para logo descer o muro e partir. Fico perplexa
com o tempo que passo a observar estas pequenas dádivas da vida e sinto-me
feliz somente porque as presenciei. Não vou contar isto ao familiar que já não
vejo ao tempo, nem ao amigo com quem vou tomar café e muito menos à vizinha que
todos os dias me pergunta como vou. Há momentos indescritíveis, mas que nem por
isso deixam de contribuir para o nosso crescimento e felicidade.
Numa ida à biblioteca, um livro
estende-me as suas páginas e pede-me para o levar para casa. Ali chegada deleito-me
com as suas palavras, e eis que em três linhas está uma das histórias mais bonitas
que alguma vez li. É uma história só para enquadrar o que o leitor pretende
transmitir mas que, para mim, é a súmula de tudo o resto. Deixo-vos uma pequena
história incrivelmente simples e bela:
“O professor preparava-se para começar a aula quando um passarito poisa
no parapeito da janela e chilreia, chilreia, chilreia. De repente, cala-se e
vai-se embora. O professor prepara-se para sair da sala e diz aos alunos: ‘A
aula de hoje está dada.’”.
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