sábado, 12 de outubro de 2013

O LADO BOM DA CRISE

Aconselho a quem quiser/poder (sobretudo os mais pessimistas) a ver o programa “Sociedade Civil” intitulado “O lado bom da crise”: http://www.rtp.pt/play/p1043/e127128/sociedade-civil-viii

As crises são cíclicas e contêm em si oportunidades de crescimento. Quem é que já não esteve numa situação menos boa e depois de a passar notou diferenças em si? O que não nos mata torna-nos mais fortes. Estamos no meio de um filme que há-de acabar, não sabemos é quando, mas como todos os filmes acabam bem (ou pelo menos a maioria), acredito que daqui a dez ou vinte anos olharemos para este tempo que agora vivemos e compreenderemos que tínhamos de passar pelo que estamos a passar.

Sei que há muita gente a passar mal, e isso não me deixa indiferente, mas hoje há mais recursos para ter-se acesso aos bens essenciais do que no tempo dos nossos pais e avós, em que a miséria dificilmente tinha solução. Mas para ler queixumes e críticas o que não faltam são textos, blogues e sites na grande rede internáutica. Aqui centrar-me-ei nas oportunidades que esta crise está a proporcionar.

No programa televisivo foram abordados diferentes áreas da sociedade civil, com especial enfoque no novo comportamento do consumidor. Uma das convidadas defendia que hoje as famílias consomem menos e poupam mais, para outra defender que continua a haver consumo nas mesmas proporções mas com novas formas de acesso aos bens e serviços. As feiras de artigos em segunda mão, os bancos de trocas e partilhas e as permutas estão na moda, o que reflete uma mudança de mentalidades no uso de artigos já usados. O consumidor está hoje mais consciente e crítico no ato da compra, o que pressiona as empresas a oferecerem produtos e serviços de qualidade a um preço acessível ao bolso das maiorias.

A crescente procura de transportes públicos, as partilhas de lugares nos automóveis, a redução do desperdício de água e da eletricidade são as maiores mudanças nos comportamentos ecológicos dos indivíduos, que adotam estas medidas para reduzirem as despesas mensais.   

Quem tem terra, ou possibilidades para arrendar uma parcela numa horta comunitária, aproveita para produzir os seus próprios alimentos e fomentar a partilha de excessos com a vizinhança. Aliás, o regresso à agricultura e as tecnologias de informação e comunicação são as duas grandes áreas onde se assiste a um boom de novas profissões.

Hoje, vêm-se mais pessoas a fazerem caminhadas e corrida em espaços ao ar livre, do que em qualquer outra época. Pouco a pouco as tardes em família estão a passar-se mais em contacto com a natureza do que enfiados num qualquer centro comercial.

Os agregados familiares também estão a ser alvo de mudanças profundas. O número de indivíduos por família está a aumentar, sendo hoje mais frequente encontrar-se numa casa avós, pais e filhos, para pouparem em despesas e aproveitarem as reformas dos mais velhos para o orçamento mensal.

Assiste-se também a um regresso em massa às religiões e aos novos movimentos religiosos, em busca de respostas para a vida: a sua essência, a sua importância, os seus desafios, … .  

O povo já não é o que era antes da crise. Hoje, os eleitores têm maior consciência política, estão mais inconformados, mais críticos e, aos poucos e poucos, mais presentes na vida política. Nas últimas eleições autárquicas já houve uma nova geração de políticos a afirmarem-se no panorama nacional, com novas ideias, novos valores e maior espírito de serviço às populações. Claro que também continua a haver de tudo e em todo o lado! Contudo, aumentou a responsabilidade social por parte dos municípios e das empresas, e a crescente solidariedade social é um facto inegável.

Hoje estamos mais predispostos à mudança e há quem se questione se os novos padrões de comportamento não são uma ameaça ao modelo económico vigente. Há quem deseje que o sistema tal como o conhecemos afunde para depois começarmos tudo de novo. Pessoalmente não concordo e não vejo que esse seja o rumo a tomar. O mundo está a transformar-se e as ameaças poderão tornar-se em oportunidades para as empresas que estiverem dispostas a adaptarem-se. O sistema económico não tem que ruir, tem que corresponder às novas necessidades do ser humano, baseadas em valores como a solidariedade, a ecologia, a família e acima de tudo o desenvolvimento pessoal e espiritual do indivíduo.

Termino com uma frase que uma vez me disseram: “quando há uma crise abençoa-a, porque algo muito bom está para vir”!

Sem comentários:

Enviar um comentário