Aconselho a quem quiser/poder
(sobretudo os mais pessimistas) a ver o programa “Sociedade Civil” intitulado “O
lado bom da crise”: http://www.rtp.pt/play/p1043/e127128/sociedade-civil-viii
As crises são cíclicas e contêm
em si oportunidades de crescimento. Quem é que já não esteve numa situação menos
boa e depois de a passar notou diferenças em si? O que não nos mata torna-nos
mais fortes. Estamos no meio de um filme que há-de acabar, não sabemos é quando,
mas como todos os filmes acabam bem (ou pelo menos a maioria), acredito que
daqui a dez ou vinte anos olharemos para este tempo que agora vivemos e
compreenderemos que tínhamos de passar pelo que estamos a passar.
Sei que há muita gente a passar
mal, e isso não me deixa indiferente, mas hoje há mais recursos para ter-se
acesso aos bens essenciais do que no tempo dos nossos pais e avós, em que a
miséria dificilmente tinha solução. Mas para ler queixumes e críticas o que não
faltam são textos, blogues e sites na grande rede internáutica. Aqui centrar-me-ei
nas oportunidades que esta crise está a proporcionar.
No programa televisivo foram
abordados diferentes áreas da sociedade civil, com especial enfoque no novo
comportamento do consumidor. Uma das convidadas defendia que hoje as famílias
consomem menos e poupam mais, para outra defender que continua a haver consumo
nas mesmas proporções mas com novas formas de acesso aos bens e serviços. As feiras
de artigos em segunda mão, os bancos de trocas e partilhas e as permutas estão
na moda, o que reflete uma mudança de mentalidades no uso de artigos já usados.
O consumidor está hoje mais consciente e crítico no ato da compra, o que pressiona
as empresas a oferecerem produtos e serviços de qualidade a um preço acessível
ao bolso das maiorias.
A crescente procura de
transportes públicos, as partilhas de lugares nos automóveis, a redução do
desperdício de água e da eletricidade são as maiores mudanças nos
comportamentos ecológicos dos indivíduos, que adotam estas medidas para reduzirem
as despesas mensais.
Quem tem terra, ou possibilidades
para arrendar uma parcela numa horta comunitária, aproveita para produzir os
seus próprios alimentos e fomentar a partilha de excessos com a vizinhança. Aliás,
o regresso à agricultura e as tecnologias de informação e comunicação são as
duas grandes áreas onde se assiste a um boom
de novas profissões.
Hoje, vêm-se mais pessoas a fazerem
caminhadas e corrida em espaços ao ar livre, do que em qualquer outra época. Pouco
a pouco as tardes em família estão a passar-se mais em contacto com a natureza
do que enfiados num qualquer centro comercial.
Os agregados familiares também
estão a ser alvo de mudanças profundas. O número de indivíduos por família está
a aumentar, sendo hoje mais frequente encontrar-se numa casa avós, pais e
filhos, para pouparem em despesas e aproveitarem as reformas dos mais velhos
para o orçamento mensal.
Assiste-se também a um regresso
em massa às religiões e aos novos movimentos religiosos, em busca de respostas
para a vida: a sua essência, a sua importância, os seus desafios, … .
O povo já não é o que era antes
da crise. Hoje, os eleitores têm maior consciência política, estão mais
inconformados, mais críticos e, aos poucos e poucos, mais presentes na vida
política. Nas últimas eleições autárquicas já houve uma nova geração de
políticos a afirmarem-se no panorama nacional, com novas ideias, novos valores
e maior espírito de serviço às populações. Claro que também continua a haver de
tudo e em todo o lado! Contudo, aumentou a responsabilidade social por parte
dos municípios e das empresas, e a crescente solidariedade social é um facto
inegável.
Hoje estamos mais predispostos à
mudança e há quem se questione se os novos padrões de comportamento não são uma
ameaça ao modelo económico vigente. Há quem deseje que o sistema tal como o
conhecemos afunde para depois começarmos tudo de novo. Pessoalmente não concordo
e não vejo que esse seja o rumo a tomar. O mundo está a transformar-se e as
ameaças poderão tornar-se em oportunidades para as empresas que estiverem
dispostas a adaptarem-se. O sistema económico não tem que ruir, tem que
corresponder às novas necessidades do ser humano, baseadas em valores como a
solidariedade, a ecologia, a família e acima de tudo o desenvolvimento pessoal
e espiritual do indivíduo.
Termino com uma frase que uma vez me disseram: “quando há uma crise abençoa-a, porque algo
muito bom está para vir”!
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